Policial
Quase 14 mil pedidos de medidas protetivas foram registrados no ano passado pela Polícia Civil
Raquel Teixeira/Polícia Civil-MT
A Polícia Civil de Mato Grosso registrou durante o ano passado quase 14 mil pedidos de medidas protetivas, mecanismo judicial para auxiliar na proteção a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior, que teve 13.200 solicitações.
Dados reunidos em um estudo da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, produzido com base em inquéritos instaurados, indicam que a violência foi reincidente na vida de dezenas de mulheres mortas no ano passado, em Mato Grosso. Conforme o histórico apurado no estudo, as vítimas de homicídios e feminicídios sofreram algum tipo de violência em relacionamentos anteriores ou atuais à época em que ocorreram os crimes.
Os dados relativos a 2021 apontam que 28 mulheres haviam registrado algum boletim de ocorrência por agressões sofridas durante as relações afetivas. E dessas, pouco mais de 17% delas haviam denunciado os autores de suas mortes.
Apenas seis das vítimas de feminicídio tinham medidas protetivas válidas no passado, contra 3 em 2020. Mulheres sem nenhuma denúncia ou atendimentos nas delegacias não as tiram da vivência da violência. Conforme o levantamento, relatos de testemunhas e familiares nos procedimentos policiais denunciam que muitas sofriam diversos tipos de violência em seus relacionamentos.
Mato Grosso registrou no ano passado 85 mortes violentas de mulheres, sendo que destas, 43 foram qualificadas como feminicídios, número que teve uma redução de 31% ante o registrado no ano anterior, quando 62 mulheres morreram exclusivamente em decorrência de atos de violência doméstica ou pela condição de gênero.
Mecanismos de ajuda
Em parceria com o Poder Judiciário e a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a Polícia Civil criou no ano passado duas ferramentas de apoio a vítimas de violência doméstica e familiar. O aplicativo SOS Mulher reúne a medida protetiva online e o botão do pânico virtual e pode ser acessado por dispositivos móveis e computadores.
Para acionar o botão do pânico, que funciona como um pedido de socorro no formato virtual, a vítima já tem que ter solicitado uma medida protetiva, onde ela informa se deseja a ferramenta virtual, que será autorizada pela Justiça e pode ser acionada quando o agressor descumpre a medida. Ao ligar o botão no aplicativo, em 30 segundos o pedido chega ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) da Sesp, que enviará a viatura mais próxima, em socorro à vítima. O botão está disponível, por enquanto, para mulheres que moram nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, onde há unidades do Ciosp. Desde a criação do serviço, em junho do ano passado, o SOS Mulher registrou 2 mil pedidos do botão de pânico, sendo que o mecanismo foi acionado por 84 vítimas.
Já pelo endereço http://sosmulher.pjc.mt.gov.br, a vítima pode solicitar a medida protetiva de urgência, sem a necessidade de se deslocar até uma delegacia da Polícia Civil. Assim que a pessoa preenche todos os dados no formulário do site, a medida é analisada por um delegado que, na sequência, a envia a um juiz, que vai analisar o pedido. A medida protetiva é integrada ao Processo Judicial eletrônico (PJe), de forma ágil e segura, com resposta à vítima em poucas horas. O serviço é disponível para a maior parte dos tipos de violência doméstica, exceto a sexual.
Para a titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Várzea Grande, delegada Mariell Antonini Dias, o SOS Mulher representa mais um avanço tecnológico em prol da mulher, possibilitando que ela acione a segurança pública onde quer que esteja. “Temos inúmeros outros mecanismos de auxílio às vítimas, como a Patrulha Maria da Penha em muitas cidades, com acompanhamento da efetividade das medidas protetivas pela Polícia Militar. Além disso, conforme demonstrado no estudo, tivemos quase 14 mil pedidos de medidas protetivas formulados nas delegacias de polícia de Mato Grosso, sendo que deste total, 06 mulheres foram vítimas de feminicídio, o que demonstra que a medida é um mecanismo eficaz, que salva vidas e que está à disposição para todas que conseguirem dar o primeiro passo contra a agressão que estão sofrendo”, pontuou a delegada, que coordena a Câmara Temática de Defesa da Mulher, na Sesp.
Mariell elenca ainda outros serviços que a Polícia Civil realiza em parceria com instituições que atuam na rede de proteção a vítimas. “É importante destacar que é possível auxiliar o agressor a compreender o caráter lesivo de sua conduta, encaminhando-o para grupos reflexivos, como existe na Comarca de Várzea Grande, através de uma parceria entre a Univa, a Vara Especializada de Violência Doméstica e a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica. Também podemos encaminhar a vítima para o acompanhamento psicossocial, a fim de compreender o caráter cíclico da violência”, finaliza.
Policial
Polícia Civil encerra Operação Hagnos com 793 atendimentos a crianças e adolescentes vítimas de violência
A Polícia Civil de Mato Grosso encerrou na sexta-feira (29.11) a Operação Hagnos, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, com ações preventivas e repressivas para coibir violência contra crianças e adolescentes.
Foram atendidas 793 vítimas e outras 13 resgatadas de situações de vulnerabilidade ou violência. Ainda, foram apuradas 177 denúncias que chegaram pela central nacional do Disque 100.
Nas 15 regionais da Polícia Civil, as palestras orientativas e atividades lúdicas realizadas pelas equipes alcançaram um público de 5.448 pessoas em escolas públicas.
Além de diligências para verificação de denúncias recebidas, foram realizados os cumprimentos de mandados e instauração de inquéritos para apuração de diversos crimes praticados contra vítimas infantojuvenis.
A delegada Mariell Antonini Viana, da Coordenadoria de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Vulneráveis, explica que durante a Operação Hagnos 124 suspeitos foram detidos em flagrante e outros 42 presos por mandados por crimes, como por exemplo, de estupro e estupro de vulnerável.
A operação foi realizada de 1º a 29 de novembro, com foco na intensificação de cumprimentos de mandados de prisões preventivas, flagrantes e busca e apreensão, em todo o país. As ações em Mato Grosso envolveram o trabalho de equipes das Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher, Núcleos e Salas de Atendimento a Vítimas de Violências Doméstica e Sexual das delegacias municipais no interior do estado.
Uma das prisões ocorreu em Cáceres, onde a equipe da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher cumpriu a prisão de um investigado de 19 anos por crime sexual cometido contra a própria irmã. As investigações apontaram que a vítima, atualmente com 14 anos, era abusada sexualmente pelo irmão mais velho desde os 9 anos de idade.
Em Paranaíta, no norte do Estado, um homem de 43 anos foi preso preventivamente pelo estupro de duas crianças, uma delas era enteada dele. A mãe flagrou o marido abusando da criança e o denunciou na delegacia da cidade, no mês de setembro. Na ocasião, o suspeito conseguiu fugir, evitando a prisão em flagrante. Durante a investigação, a Polícia Civil descobriu que ele havia abusado também de outra criança.
Ocorrências
Durante o mês de ações da Operação Hagnos, as delegacias da Polícia Civil apuraram 177 denúncias que chegaram pelo Disque 100, central nacional que recebe demandas relacionadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Nas diligências realizadas, foram registradas 77 acionamentos dos Conselhos Tutelares, 338 ocorrências de lesão corporal e 84 de violência sexual. Foram apreendidas quatro armas de fogo.
Prisões
Ao todo, 124 pessoas foram detidas em flagrante e outros 42 presas por decisões judiciais.
Em Itanhangá, no médio norte do Estado, a equipe da Delegacia de Lucas do Rio Verde cumpriu o mandado de prisão preventiva de um idoso de 69 anos que responde por estupro de vulnerável.
Em Cáceres, outro idoso, de 68 anos, foi preso após condenação transitada em julgado. Ele recebeu pena de nove anos pelo crime ocorrido de estupro de vulnerável ocorrido em 2018.
Registros de ocorrências
Durante a operação Hagnos foram registrados 2.094 boletins de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes; 466 inquéritos de crimes contra esse público foram concluídos com autoria e outros 558 instaurados, e requeridas 126 medidas cautelares.
Fonte: Policia Civil MT – MT
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