Para quem vive com o perigo, o azul do céu acalma, mas não manda o medo embora. As chuvas das duas primeiras semanas do ano no Sudeste, associadas a uma La Niña severa, que remete à de 2011, reacenderam a lembrança da tragédia da Serra Fluminense, em 11 de janeiro daquele ano, o maior desastre climático do Brasil, que atingiu sete municípios, deixou 918 mortos e pelo menos 99 pessoas desaparecidas.
As chuvas e as previsões de novas borrascas em fevereiro e março deflagraram o sinal de alerta de especialistas para antigos e novos fatores de risco, não só para a Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, mas para uma vasta área que se estende do Sudeste a Santa Catarina, no Sul do país.
Ana Luiza Coelho Netto, professora titular de geografia do Laboratório de Geo-Hidroecologia e Gestão de Riscos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que a intensificação dos incêndios na Mata Atlântica em 2021 aumentou a já grande vulnerabilidade provocada pelo fogo nos meses secos do ano.
“Temos visto que a vegetação é importantíssima. E a queimada é uma tradição generalizada em toda essa área. Ela degrada a floresta e a vegetação que retorna não tem as funções que garantem segurança. Só quem dá estabilidade das encostas são as florestas preservadas. E pouco resta delas”, afirma Coelho Netto, cujo grupo estuda a tragédia da Serra Fluminense desde 2011 e contabilizou 3.622 deslizamentos numa área de 423 KM2, predominantemente em Nova Friburgo.
O Brasil tem 8.266.566 pessoas vivendo em áreas de risco de deslizamentos e/ou enchentes, numa análise de 825 municípios com histórico de desastres. De cada 100 brasileiros, quatro vivem em áreas de risco. Mas no Sudeste, o número é ainda maior e chega a 10 em cada 100, ou 10% da população.
Os dados fazem parte de um estudo pioneiro de avaliação de risco baseado nas características demográficas da população brasileira, realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018, eles lançaram uma base de dados da população exposta em áreas sujeitas a deslizamentos e inundações.
Ele afirmou ter participado das mortes e teve sua prisão temporária requerida pela Polícia Civil, mas a Justiça de Atalaia do Norte (AM), que está à frente do caso, indeferiu o pedido.
“Ainda na data de ontem, a referida pessoa foi encaminhada à sede da Polícia Federal em São Paulo para ser formalmente ouvida e prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas optou por exercer seu direito constitucional de permanecer calado. Ele permanece em liberdade, tendo em vista que não há indícios de ter participado dos crimes ora em apuração, já que apresentou versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”, detalhou a PF, em nota à imprensa.
Gabriel Pereira Dantas, de 26 anos, contou que viu quando os executores atiraram nas vítimas e que os ajudou a jogar os pertences delas no rio.
Ele alegou ter pilotado o barco usado pelos suspeitos no crime. No fim da tarde de quinta-feira, ele havia sido transferido para o 77º Distrito Policial para a Polícia Federal.
Bruno e Dom viajaram para o Vale do Javari, entre as cidades de Atalaia do Norte e Guajará, na tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia, quando desapareceram no dia 5 de junho. A área possui 8,5 milhões de hectares demarcados, sendo a segunda maior terra indígena do país – a primeira é a Yanomami, com 9,4 milhões de hectares.
Segundo a Polícia Federal, a dupla foi perseguida por pescadores ilegais e assassinados. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados e enterrados. Três homens foram presos por suspeita de participação no crime:
Dantas alegou à polícia que havia fugido do Amazonas e passado pelo estado do Pará e Mato Grosso, até finalmente chegar a São Paulo. Na nota, a PF afirma que as investigações do caso prosseguem.